os irmãos Max e Moyses Kolesne e Alex Camargo
entram no novo milênio com a certeza de que estão escrevendo uma
história de respeito e profissionalismo, como uma das bandas brasileiras
de maior aceitação em todo o mundo. A construção deste status
começou em 1990, quando o trio morava no Rio Grande do Sul. O gosto pelo
metal foi herdado do irmão mais velho, que já ouvia bandas como Black
Sabbath e Dio. E de tanto vê-lo com seus discos, os três gostaram do som
e, é claro, dos desenhos nas capas. Como todo headbanger, a adolescência
deles foi marcada pela compra de discos dos grupos preferidos. E, para
aumentar a coleção, era preciso investir boa parte do salário que ganhavam
nos primeiros empregos. Alex só esperava receber para ir direto a
Megaforce, uma das primeiras lojas especializadas da capital gaúcha. De
lá, ele trazia grande parte daquelas que viriam a ser as influências do
Krisiun. E entre estas influências surgiram "Show No Mercy" do Slayer e
"Altars Of Madness" do Morbid Angel.
Os dois discos que
transformariam de vez a vida da família Krisiun, mostrando uma face nova e
fascinante do velho e bom metal. A agressividade dos vocais e os
instrumentos tocados com tanta energia e velocidade provocaram uma reação
imediata. Era chegada a hora de unir-se aos ídolos de alguma forma. Sem
dinheiro para adquirir equipamentos de qualidade, foi preciso se contentar
com instrumentos mais simples e muito limitados. O movimento metal já
vivia uma fase de empolgação no Brasil e fanzines circulavam de um estado
para outro, ampliando o underground. O Krisiun logo entrou neste mundo,
correspondendo-se com bandas e fanzines de todo o país. A idéia era ganhar
espaço no cenário e mostrar os conceitos da banda mundo afora: tocar o
verdadeiro metal. Logo o estilo foi sendo moldado, com a velocidade e o
peso do que foi rotulado como death metal. Ainda aprendendo praticamente
tudo "na raça", o Krisiun fez seu primeiro registro oficial em 1991, a
demo tape "Evil Age" (1991). No ano seguinte foi gravada uma segunda fita,
"Curse Of The Evil One" (1992), e, a partir daí, as respostas do
underground não pararam mais de chegar.
Cientes de que as portas
para um trabalho realmente profissional só se abririam em São Paulo, os
irmãos decidiram mudar de estado e viver longe da família. Já na capital
paulista, os músicos precisaram redobrar o esforço para conseguir gravar o
autofinanciado mini-álbum "Unmerciful Order" (1993). A partir deste
trabalho, o Krisiun rapidamente ganhou status de grupo cult por causa da
hipervelocidade das composições e pela impressionante performance ao vivo.
No ano de 1995 saiu o primeiro full lenght, "Black Force Domain", que só
chegou a um maior público por meio da gravadora alemã Gun Records em 1997.
O CD recebeu excelentes notas na imprensa especializada e levou o Krisiun
aos palcos europeus pela primeira vez num nível totalmente underground.
Durante o mês de maio de 1997 a banda fez 20 apresentações na Alemanha.
Com isso, o Krisiun rapidamente ganhou mais e mais fãs e muitas portas se
abriram colocando o trio de uma maneira mais visível. Em dezembro do mesmo
ano aconteceu o retorno à Europa, onde mais 30 shows ao lado de Kreator e
Dimmu Borgir foram realizados. Com a chegada de 1998, o Krisiun aproveitou
para gravar seu segundo disco, "Apocalyptic Revelation", na Alemanha,
dentro do estúdio de Harrys Johns (que produziu Kreator, Sodom,
Tankard).
Na tour, os brasileiros tocaram com Cradle of Filth,
Napalm Death e Borknagar por toda a Europa. Em seguida vieram outros 30
shows como headliners pela Alemanha tendo o Soilwork como suporte. Outros
fatos que ajudaram na divulgação do Krisiun foram suas participações nos
tributos ao Sodom e ao Kreator. Apesar de não se interessarem muito por
este tipo de modismo que tomou conta da música pesada nos últimos anos, os
três gostaram da idéia de homenagear duas das suas influências. "Total
Death", clássico do disco "Endless Pain" do Kreator ganhou uma versão
ultra-rápida e "Nuclear Winter" foi indicada ao Krisiun pelo próprio líder
do Sodom, Tom Angelripper. Além disso, o Krisiun atravessou os Estados
Unidos com sucesso acompanhando o Angelcorpse e o Incantation em fevereiro
de 1999 para as 30 primeiras apresentações na América do Norte. Na mesma
tour surgiu uma grande oportunidade para os brasileiros.
Um dos
produtores do Milwaukee MetalFest (um dos maiores festivais underground do
mundo) os viu em ação. Antigo fã do grupo, o produtor os convidou para ser
uma das atrações do festival em julho daquele ano. Na mesma fase, a
Century Media Records ofereceu um contrato que possibilitou o lançamento
de "Conquerors of Armageddon". Indiscutivelmente, o melhor disco até agora
com uma produção poderosa e precisa, cortesia da cooperação entre Erik
Rutan (guitarrista de Morbid Angel, Hate Eternal e ex-Ripping Corpse) como
produtor e Andy Classen (Rotting Christ, Holy Moses) trabalhando como
engenheiro de som. O material foi gravado no Stage One Studios, na
Alemanha, durante o inverno de 1999. A batida imposta por Max na bateria é
extremamente pesada e violenta, enquanto a guitarra de Moyses é refinada e
avassaladora ao mesmo tempo. Já os vocais guturais de Alex são tão
impressionantes quanto a sua marcação precisa no baixo. Ao final de 1999
os integrantes do Krisiun realizariam um sonho ao tocarem com o Morbid
Angel, uma das suas maiores influências. Para Alex, Max e Moyses, dividir
o palco e fazer amizade com os ídolos compensou boa parte das dificuldades
enfrentadas durante todo este tempo de dedicação ao metal.
O ano de
2000 está sendo o mais agitado na história do Krisiun. Com a agenda
lotada, a banda fez mais de 120 shows no eixo Estados
Unidos-Europa-Estados Unidos-Brasil-Estados Unidos, tornando esta a mais
extensa tour de um grupo nacional no exterior em todos os tempos. Em abril
foram 30 apresentações ao lado de Satirycon, Immortal e Angel Corpse na
América do Norte. Direto para o Velho Mundo, eles tocaram com Old Man's
Child, Gorgoroth e Soul Reaper em 25 shows em maio. No mês seguinte, o
Krisiun voltou aos Estados Unidos para outras 30 datas, agora com
Kataklysm e Dismember. Outro momento de glória pessoal para os brasileiros
foi ter Kerry King em um dos seus shows. Melhor: o guitarrista do Slayer
veio cumprimentá-los no backstage. Esta não era a primeira vez que eles
encontraram com o ídolo, pois o Krisiun tocou anteriormente com o Slayer
na Alemanha, durante o festival With Full Force - que também teve o Iron
Maiden como atração - diante de sete mil pessoas. Finalmente de volta ao
Brasil, o Krisiun pôde realizar uma grande tour nacional, tocando nas
regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do país. A partir de
novembro, a banda entrou em fase de composição para o próximo disco. O
trabalho deve ser gravado no primeiro trimestre do ano 2001 e lançado até
agosto. Enquanto isso, novas datas estão para serem confirmadas no Brasil.
Paralelamente à nova excursão mundial, os novos planos do Krisiun incluem
a produção do seu primeiro vídeo clipe.
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